19 – “Taxi”
Os anos que transitaram entre as décadas de 70 e 80 constituem a era de maior vergonha alheia na história da humanidade. Quer uma prova? Pergunte ao seu parente mais velho se ele gostaria de lhe mostrar uma foto antiga usando calças boca de sino e observe a reação. Pronto? Pois é, acho que deu para entender.
Mas não se enganem, leitores mais jovens, porque ao mesmo tempo que a breguisse atingia seu ápice foi nesta mesma era que começavam a ser construídos alguns dos maiores símbolos da cultura pop na música, cinema e, claro, televisão. “Taxi” pode ser considerado um dos primeiros passos nesta direção, mesmo que na época os produtores e elenco não fizessem ideia disso.
Danny DeVito e sua trupe trouxeram às sitcoms norte-americanas a malícia da comédia britânica, mas sem abandonar as raízes morais na ABC. A história introduzia uma companhia de táxis fictícia na cidade de Nova York, em que os funcionários consideravam a profissão apenas um “quebra galho”.



18 – “Os Trapalhões”
Humor “na cara” é algo raro no Brasil, principalmente em dias como hoje, em que tudo é considerado politicamente incorreto. Não podemos perder de vista que rir dos outros só é errado quando eles se sentem prejudicados por isso, incapacitados de se defender de alguma forma.
A vontade de Didi, Dedé, Zacarias e Mussum era apenas a de entreter o público brasileiro da única forma que sabiam: tirando sarro um dos outros. Homossexuais e negros recebiam o mesmo tratamento de qualquer outro cidadão brasileiro. Aos olhos da trupe, paulistas eram tão neuróticos que esqueciam de aproveitar os prazeres da vida, cariocas faziam qualquer negócio antiético que lhes garantissem alguma vantagem no fim da história e os baianos eram mais devagar que bichos-preguiça tomando água de coco. Quando todos são motivo de piada, não há porque ninguém se ofender.
“Os Trapalhões” brincava com tudo e com todos, críticas sociais e tortas na cara davam as mãos para arrancar risadas igualmente gostosas de crianças e adultos. Não precisavam apelar para mulheres lindas em vestimentas minúsculas – apenas confiar no bom julgamento de seus admiradores.
É por isso que “Os Trapalhões” está nesta lista, enquanto “A Turma do Didi” nem chegou perto.



17 – “Wings”
Você já leu aqui sobre “Cheers” e “Fraiser”, agora está na hora de conhecer o terceiro e mais cômico seriado que completa a trindade da “Paramount Television”.
“Wings” retrata uma pequena companhia aérea gerenciada pelos irmãos pilotos Joe e Brian Hackett, com aparições especiais de personagens de suas séries “primas”. Os protagonistas formavam aquela típica relação de Ying e Yang: enquanto o primeiro esbanjava responsabilidade e altruísmo, o outro focava sua vida em mulheres e um comportamento autodestrutivo. Para conseguirem conviver social e profissionalmente, eles dependiam da interferência de diversos amigos e funcionários do aeroporto fictício “Tom Nevers Field”.
O amor e ódio, idas e vindas e jogos românticos entre os personagens caracterizam “Wings” como um “Cheers” que trocou o álcool por aviões. Por mais que eu seja fã de uma boa gelada, voar por aí sempre que precisa fugir de uma situação parece uma resolução muito mais bacana.



16 – “Um Maluco no Pedaço”
Assim como “Chaves”, “Um Maluco no Pedaço” já faz parte da nossa cultura. Isso porque Will Smith se encaixa perfeitamente na concepção autoproclamada de nosso povo: o cara é um dos bons e velhos “malandros de bom coração”, que faz o que é preciso para garantir o máximo de benefícios com o mínimo esforço possível, ajudando os próximos apenas quando isso não lhe custar nada.
A analogia se torna ainda mais íntima pela quebra de barreiras sociais. Diferente das metrópoles verde e amarelas, as classes baixa e alta dos Estados Unidos raramente mantém contato, por isso ver um “maluco do gueto” tirando proveito dos ricaços remete bastante à nossa realidade de convívio.
No entanto, toda essa relação não seria de valia nenhuma se “Um Maluco no Pedaço” não esbanjasse momentos muito bem arquitetados, seja na comédia ou na tragédia. Drogas, racismo e violência são assuntos recorrentes, que arrancam lágrimas dos desavisados com a facilidade de um bandido que rouba doces de criancinhas.



15 – “Mr Bean”
O bom e velho Bean. Esta pode ser a última vez que você ouvirá algo sobre este símbolo da comédia dos anos 90, uma vez que Rowan Atkinson decidiu aposentar sua gravata vermelha e ursinho de pelúcia de uma vez por todas.
Há quem diga que nas artes cênicas o quão mais simples é o papel, mais complicada é a tarefa de dar vida a ele. Seguindo esta filosofia, imagine a dedicação necessária para interpretar um gentleman inglês que age com a inocência de uma criança.
A sinceridade da ingenuidade e rancor do protagonista com as atividades do dia a dia trouxeram às telinhas uma série atemporal. Mr Bean não tem vergonha de expor os medos, reações e sonhos infantis que ainda existem em algum lugar obscuro de nossos corações. Ao mesmo tempo que é absurdo ver um adulto agindo por tais impulsos, é crível que uma pessoa assim possa existir.
A simplicidade nunca foi tão complexa…




14 – “Extras”
Todos que já assistiram ao “making of” de um filme ou seriado já sabe bem como é a rotina dos grandes atores de Hollywood nos sets de filmagem. Mas e quanto aos coadjuvantes – ou “extras”, se você prefere o termo? Eles não tem direito a mordomias e são constantemente subjugados pelo ego das celebridades e produtores com quem têm que trabalhar… ou pelo menos é isso diz este seriado.
Se o inglês gordinho de boas ideias Ricky Gervais vive apostando em histórias inesperadas, o seriado “Extras” é um de seus principais incentivos. Cada episódio se passa nos bastidores de algum filme ou peça de teatro diferente, em que atores no nível de Robert De Niro e Daniel Radcliffe interpretam versões arrogantes com síndrome de celebridades de si mesmos.
Essa maluquice deu tão certo que Gervais está reciclando a proposta em um novo seriado, que adicionará o nanismo à equação. Você leu certo, nanismo. E você que achava que Tim Burton era excêntrico…



13 – “Friends”
Temo pela minha vida por não ter colocado “Friends” entre as dez melhores séries de comédia de todos os tempos – você sabe como os fãs deste seriado são xiitas. Mas como porta voz do Blog Pop de Séries e TV, tenho o dever de ser sincero: por mais apaixonantes que Rachel, Ross, Mônica, Chandler, Phoebe e Joey sejam, eles não conseguem bater de frente com os seriados abaixo quando o único fator em jogo é a capacidade de provocar risadas fortes o suficiente para fazer o telespectador jorrar sua bebida pelas narinas.
Contudo, não posso deixar de lado a verdade de que “Friends” é um marco histórico na televisão. Trocando o sarcasmo exacerbado por toques de drama, os produtores lapidaram a personalidade dos protagonistas em uma obra de arte minimalista. É assustadoramente fácil se identificar com as virtudes e defeitos quase cartunescos de cada um, ao mesmo tempo em que as questões sociais (geralmente amorosas) levantadas rebatem as mais diversas emoções dentro de quem assiste.
É fácil fazer com que o fã se importe com o destino de um bravo herói em uma série de ação ou com uma mãe que não consegue se relacionar com a própria filha em um drama à la “Gilmore Girls”. Acelerar o ritmo cardíaco do telespectador porque um macaco está se sufocando com uma peça de um jogo de tabuleiro, isso é para poucos.



12 – “How I Met Your Mother”
Quem assiste tem que concordar, “How I Met Your Mother” é o substituto de “Friends”.
Se você é um dos fanáticos pelos “amigos” e não conhece esta sitcom, o melhor conselho que você encontrará neste Blog é que você pare tudo o que está fazendo a agora e dê uma chance ao conto de Ted Mosby.
A comédia consegue unir a magia da antiga série da NBC com liberdades criativas nunca usadas antes com o intuito de provocar risadas. Tudo começa em 2030, quando um arquiteto resolve contar aos seus filhos sobre o dia em que ele conheceu a mãe dos pimpolhos. No entanto, como qualquer bom contador de histórias, ele resolve prolongar “um pouquinho” suas aventuras e narra como eram seus dias se acostumando com a vida adulta ao lado de seus melhores amigos.
O maior diferencial aqui é que, similar à estrutura de roteiro de “Lost”, cada capítulo é recheado de flashbacks e flashfowards para causar um efeito dramático nas grandes revelações do enredo. Certos episódios são tão imersivos que é fácil se encontrar com as pernas cruzadas, olhos atentos e queixo caído, como se fosse o seu próprio avô que estivesse contando histórias mirabolantes de sua juventude.
Ah, e eu não posso esquecer de lembrar que o solteirão Barney Stinson é, sem dúvidas, o personagem mais engraçado criado nos últimos sete anos.



11 – “Married With Children”
Existe um ditado popular que diz que todos temos duas famílias, aquela em que nós nascemos e a que escolhemos. Se isto for verdade, Al Bundy odeia a opção que fez.
O lado bom da convivência fraternal foi esquecido aqui. “Married With Children” não é nenhum “Maluco no Pedaço” ou “According to Jim”: aqui o mal gosto é rei, a inconsequência é a rainha e o pessimismo, o filho.
Mas não se pode julgar. Se você tivesse que sustentar um vândalo em miniatura, uma adolescente promíscua e uma esposa que deixa cinzas de cigarro cair no seu café da manhã, provavelmente também não andaria pela rua saltitando.
Rir dos problemas dos outros nunca fez com que sua vida parecesse tão boa.